A controversa, mas interessante energia atômica
Energia limpa e eficiente, bombas, desastres nucleares... Sempre gerando discussões, a energia atômica atravessa séculos desencadeando estudos e novas tecnologias
Produzir ou manipular energia nuclear, independente da forma, tem sido destaque nos jornais mundiais nas últimas décadas. Seja por sua eficiência e poder, ou pelas diversas controvérsias que causam em debates ao redor do globo. Apesar de ser muito atual, a história nuclear na humanidade tem seu começo cinco séculos antes de Cristo, com os filósofos gregos Leucipo e Demócrito. A Teoria Atomística dos gregos afirma que o Universo tem constituição elementar única, o átomo. Partícula indivisível, invisível, impenetrável e animada de movimento próprio. Depois deles, somente em 1803 pesquisadores retomaram a hipótese atômica. A partir de então, as pesquisas aumentaram. Em 1942, durante a corrida armamentista da II Guerra Mundial, foi inaugurado o primeiro reator nuclear do mundo, na cidade de Chicago, EUA. Em pouco mais de 130 anos, após a retomada das pesquisas depois da Teoria Atomística, o ser humano já podia gerar energia através da fissão nuclear.
E foi durante a II Guerra Mundial que a energia nuclear mostrou sua face mais temerosa para o mundo. Antes da construção do reator em Chicago, precisamente em 1939, Albert Einsten, o pai da Teoria da Relatividade, enviou uma carta a Franklin Delano Roosevelt, então presidente dos EUA, explicando os poderes do urânio e da tecnologia atômica no futuro. No comunicado, Einsten explicava um pouco dessa força e a possibilidade da criação de uma bomba utilizando tamanha energia. Outro trecho da carta destaca a investida alemã em estudos sobre urânio e energia atômica, e a tomada das minas do minério na Tchecoslováquia.
Depois de ler a carta e se reunir com seu Adido Militar e membros do governo, o Presidente norte-americano resolveu alavancar o projeto nuclear. Até que no dia 6 de agosto de 1945 a bomba atômica "Little Boy" foi despejada sobre a cidade japonesa de Hiroshima. Três dias depois, no dia nove, a "Fat Man" caiu sobre Nagasaki. Estima-se a morte de cerca de 140 mil pessoas em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki. E assim, terminou-se a II Guerra Mundial. Historicamente, estes são, até agora, os únicos ataques de armas atômicas registradas na humanidade.
Além das bombas, desastres em Usinas Nucleares também já ocorreram. A cidade de Chernobyl, na Ucrânia, é hoje uma cidade fantasma por conta de uma falha no resfriamento do reator da Usina Nuclear da cidade, que causou a explosão do reator. O acidente ocorreu em 1986, e o então governo soviético admitiu 15 mil mortes, mas, pelas contas de ONGs foram pelo menos 80 mil vítimas. Recentemente, em março de 2011, terremotos sacudiram o Japão. Um deles danificou os reatores 1, 2, 3 e 4 da Usina de Fukushima, cidade a 238 km de Tóquio, tornando-se o pior acidente nuclear do país nos últimos 25 anos.
Apesar dos contras, a energia nuclear se mostra muito eficiente quando usada de forma pacífica. Além de ser uma fonte de energia limpa.
No Brasil, a história da energia nuclear data de 1972, com um tratado junto aos EUA para a construção da Usina Angra I. Atualmente, o país tem um amplo programa de energia nuclear para fins pacíficos, inclusive com outra usina em funcionamento – Angra II – e outra em construção, a Angra III.
Para que as usinas possam operar, é necessário combustível, como em qualquer outra usina. No caso de algumas termoelétricas, o carvão. Nas hidroelétricas, a força das águas. Nas nucleares brasileiras, o combustível provém do minério de urânio. Identificado em 1789 pelo químico alemão Martin Klaproth, o mineral recebeu esse nome em homenagem ao planeta que havia sido descoberto oito anos antes. O urânio não possui uma cor característica, pode ser amarelado, marrom, ocre, branco, cinza, dependendo da cor da terra onde for encontrado. Sua grande diferença em relação aos outros minerais é a sua propriedade física de emitir partículas radioativas, a radioatividade, que é aproveitada para produzir calor e gerar energia. O Brasil possui uma das maiores reservas mundiais de urânio, permitindo suprimento interno por um longo período e uma possível exportação.
A empresa responsável pela extração do urânio no Brasil e que atua em toda essa cadeia produtiva é a INB – Indústrias Nucleares do Brasil, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCT. Criada em 1988, a INB substituiu a Nuclebrás como a responsável por exercer, no Brasil, as atividades de produção comercial de combustível nuclear que, de acordo com a Constituição Federal, são monopólio da União. Em 1994, a INB tornou-se uma única empresa ao incorporar as outras controladas da Nuclebrás – Nuclebrás Enriquecimento Isotópico S.A (Nuclei); Urânio do Brasil S.A e Nuclemon Mínero-Química Ltda.
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